O projeto de padrão de entrada é muito importante para ligação da energia de sua residência, mas por que ele tem essa importância toda? Quais são os tópicos disponíveis num projeto de padrão de entrada? Por que existe a possibilidade de mudar o nosso padrão de entrada ao instalarmos novos aparelhos eletrônicos? Para sanar essas e mais dúvidas, confira o texto abaixo.

Mas Afinal, o que é Padrão de Entrada

De acordo com o manual do programa “Luz para Todos” da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o padrão de entrada é o conjunto de instalações que compreende ramal de ligação, poste auxiliar, ramal de entrada, caixa de medição, medidor, disjuntor de entrada, aterramento, ramal de conexão, disjuntor do quadro de distribuição interna do domicílio.

Todos esses componentes permitem que a concessionária de Energia, consiga trazer energia para a residência, com qualidade segurança e estabilidade. Entretanto, o que são todos esses elementos que fazem parte do padrão de entrada? O que um bom projeto de padrão de entrada deve possuir? Tudo Isso será explicado a seguir.

Com o propósito de auxiliar sua leitura, o texto todo foi dividido em tópicos.

    1. Componentes de um Padrão de Entrada
      • Ramal de Ligação
      • Poste Auxiliar
      • Ramal de Entrada
      • Barramento
      • Caixa de Medição
      • Medidor
      • Disjuntor de Entrada
      • Aterramento
      • Ramal de Conexão ou Ramal de Distribuição
      • Disjuntor do Quadro de Distribuição Interna do Edifício
    2. O Projeto do Padrão de Entrada
      • As Plantas do Centro de Medidores
      • As Plantas de Encaminhamentos
      • A Planta de Prumada
      • As Plantas de Localização e Situação
      • Memorial
      • Carga Instalada
      • Demanda
      • Diagrama Unifilar
    3. A Submissão do Projeto

 

Componentes de um Padrão de Entrada

Aqui vamos explicar todos os componentes de um padrão de entrada, para que você possa entender de forma simples e objetiva, como cada um influência e impacta no projeto propriamente dito.

Ramal de Ligação

O ramal de ligação é o conjunto de cabos condutores e acessórios, instalados pela distribuidora, que conduzem a energia entre o ponto de derivação da rede e o ponto de entrega.

Em outras palavras, o ramal de ligação é o nome dado ao conjunto de cabos que sai do poste de energia publica e leva a energia que foi gerada em alguma usina, seja ela hidroelétrica, termoelétrica, solar, para sua residência.

O ramal de ligação existe em duas modalidades: aéreo ou subterrâneo. As instalações com ramais aéreos são normalmente mais simples e mais baratas, porém, também estão mais sujeitas à adversidades. Em contrapartida, as instalações com ramais subterrâneos são mais complexas e caras, porém proporcionam uma estabilidade e segurança maiores.

 

 

É válido ressaltar que a instalação do ramal de ligação aéreo e dos custos envolvidos na mesma, é de total responsabilidade da concessionária. Ou seja, o solicitante do padrão de entrada não tem custos efetivos nessa etapa. Em contrapartida, no caso subterrâneo, existem algumas peculiaridades.

Caso o padrão seja subterrâneo por determinação publica, ou necessidade técnica da distribuidora, não há custos. Entretanto, caso seja pelo interesse do cliente, são necessárias algumas coisas a mais:

  • Autorização da distribuidora
  • Arcar com os custos adicionais (Bem como em modificações futuras)
  • Obter autorização do poder público, conforme artigo 14 paragrafo 3º da resolução nº 414/2010 da ANEEL.

Poste Auxiliar

O poste auxiliar é o ponto de mudança de responsabilidade. Situado na residência, ele está lá para ser o ponto de referência para dizer por onde os fios vão passar. Em síntese, podemos dizer que ele é efetivamente o ponto de entrega que foi referenciado acima, para as modalidades de padrão de entrada aéreo.

Este poste auxiliar pode ser efetivamente um poste, ou, caso a residência em questão tenha um muro com uma altura elevada, ou o teto da casa, pode se instalar só a parte superior do poste, que nesse caso se chama pontalete. Além disso, também há a opção de fazer o ponto de entrega aéreo sem o poste, nesse caso, o ponto de ligação é a fachada da edificação

Ramal de Entrada

O ramal de entrada é o conjunto de condutores e acessórios, geralmente instalados pelo consumidor, entre o ponto de entrega e a medição ou a proteção de suas instalações.


Em resumo, depois de passar pelo poste auxiliar no caso de ramal aéreo, ou pela caixa de inspeção no caso de ramal subterrâneo, os condutores e acessórios passam a se chamar de ramal de entrada. A responsabilidade do ramal de entrada depende do porte da instalação.

Em caso de padrão de entradas individuais, que só existe uma unidade consumidora (casas, ou lojas), o ramal de entrada vai diretamente para o medidor. Por outro lado, em caso de padrão de entrada coletivo (shoppings, edifícios residenciais ou empresariais), o ramal de entrada passa por um quadro com um disjuntor (a proteção) antes de ir para os medidores, esse quadro é chamado de quadro de distribuição geral (QDG).

Nesse quadro de distribuição geral pode ser identificado um elemento que também merece destaque no padrão de entrada: o barramento

Barramento

Barramento é o conjunto formado por barras ou chapas condutoras de eletricidade, normalmente fabricadas em cobre eletrolítico, isoladas entre si, destinadas a interligar e consequentemente equipotencializar os condutores dos diversos circuitos convergentes, e por conduzir efetivamente a energia elétrica.

Acima pode se ver um exemplo de barramento. Uma dessas barras é o barramento de aterramento. Conhecida popularmente como barra de terra, serve para dissipação de eventuais correntes de fuga de descargas atmosféricas. Outro representa o neutro, que é considerado o ponto de referência zero para os outros três, que são as barras de fase. Os barramentos podem ter de 1 a 3 barras de fase, a depender do porte da instalação.

Caixa de Medição

A caixa de Medição é destinada à instalação dos equipamentos de medição de energia elétrica da distribuidora. 

 

Respectivamente: caixa metálica, painel para TC. 

O tipo de caixa para seu estabelecimento é obtido através da carga instalada e da demanda, tópicos que serão discutidos de melhor forma mais a frente, nas especificações do projeto.

A responsabilidade pela compra e instalação das caixas é do dono da propriedade, é válido ressaltar que essas caixas tem obrigatoriamente que ser nos modelos que a distribuidora especifica. 

Medidores

O medidor é um aparelho que mede a energia elétrica consumida, é com ele que a distribuidora consegue verificar quanto de energia foi consumido no mês para poder enviar a conta.

Os medidores existentes são em sua maioria eletrônicos, o que costuma variar é a faixa da amperagem, e a responsabilidade de instalação e compra do medidor é da concessionária.

Disjuntor de Entrada

O Disjuntor de Entrada é um aparelho que fica em uma caixa muito próxima a caixa de medição, chamada de caixa de disjunção. O disjuntor é um dispositivo de proteção que interrompe o fornecimento de energia em caso de curto circuito, ou de alguma emergência, em caso de valores de corrente muito altos.

Esse disjuntor, em padrões de entrada individuais, interrompe o fornecimento de energia da unidade inteira. Por outro lado, em padrões de entrada coletivos, temos 2 disjuntores. Em primeiro lugar, temos o disjuntor do QDQ, já citado acima, que quando acionado interrompe o fornecimento de energia para todas as unidades. Em segundo lugar, há o disjuntor que fica alocado na caixa de disjunção, que controla a energia de cada unidade especificamente.

Um mito comum, é que esse disjuntor liga e desliga o medidor, mas isso não ocorre! Uma vez que, o dispositivo de proteção deve permitir a interrupção do fornecimento de energia elétrica à edificação sem que o medidor seja desligado

Aterramento

Aterramento elétrico é a ligação intencional da carga à terra, geralmente colocado no corpo dos equipamentos de metal com a finalidade de desviar o excesso de corrente elétrica do equipamento ou instalação, evitando sobrecargas.

O aterramento é extremamente necessário para garantir a segurança da residência, e é importante que ele esteja interligado inclusive com o aterramento do sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

O condutor de aterramento deve ser de cobre nu, e ele deve ser o mais curto e retilíneo possível, normalmente, o condutor de aterramento fica posicionado abaixo do quadro geral, ou da caixa de medidores.

Para verificação do aterramento, é instalado uma haste de aterramento. Esta haste é instalada em um poço de inspeção que pode ser visualizado abaixo.

Em casos de padrão de entrada coletivo, é necessário a instalação de uma malha de aterramento. A sua configuração depende se o local necessita de uma subestação ou não. Quando a carga instalada ou demanda são muito elevadas, pode existir a necessidade de uma subestação.

Em primeiro lugar, para casos de padrão coletivo sem subestação, é necessário que haja uma malha de aterramento com pelo menos 3 hastes, com distancia entre elas de 3 metros, interligadas através de um cabo de cobre de 35mm². Em segundo lugar, para casos de padrão coletivo com subestação, é necessário um mínimo de 4 hastes em configuração de quadrado, com o lado deste quadrado medindo no mínimo 3 metros, interligadas através de um cabo de cobre de 50mm².

Ramal de Conexão ou Ramal de Distribuição

O ramal de distribuição compreende o conjunto de componentes elétricos entre a medição e o quadro de distribuição geral da unidade consumidora.

Ou seja, basicamente é o encaminhamento dos cabos e acessórios dos medidores até as unidades consumidoras. O Custo de instalação do ramal de conexão é inteiramente do consumidor, a distribuidora não instala nem compra nenhum dos materiais.

Em alguns condomínios de casas, normalmente você encontra esses encaminhamentos em eletrocalhas. De acordo com as normas, os condutores devem estar embutidos em eletrodutos. Claro nada impede que os eletrodutos estejam dentro das eletrocalhas, só seria um gasto maior.

Disjuntor do Quadro de Distribuição Interna da Edificação.

Por fim, o ultimo componente notável do padrão de entrada. O disjuntor do quadro de distribuição interna é bem semelhante ao presente na caixa de disjunção.

Em verdade, eles tem a mesma função: proteger o sistema em caso de curtos circuitos, porém, o que muda é o seu posicionamento. Esses disjuntores ficam dentro da residência, e controlam a energia da casa como um todo.

A sua necessidade se dá pela questão de segurança. Só para exemplificar, em casos de emergência, seria no mínimo contra intuitivo sair de casa para desligar o disjuntor na caixa de disjunção. Por certo, se torna mais rápido e prático desligar ele caso ele esteja dentro de casa.

Conclusão

Em conclusão, o padrão de entrada pode parecer complexo e de difícil entendimento na primeira vista. Entretanto, analisando parte por parte, verifica-se que se trata de um projeto simples de entender, e de muita importância para o funcionamento correto e seguro dos equipamentos elétricos.